Estacionar o carro, balançar positivamente a cabeça e perder dinheiro. Essa é a rotina de motoristas que param o carro em frente a UMC.
Todos os dias centenas de alunos da Universidade se dirigem literalmente para os portões de sua instituição de ensino, localizada numa área conturbada da cidade, perto do Mogi Shopping, Prefeitura Municipal, Fórum da Comarca, terminal ferroviário e rodoviário, terminal de ônibus urbanos, além de inúmeros bares e restaurantes de alta circulação. Tudo isso confere à região da UMC, uma alta densidade populacional principalmente nos horários de início e fim de aulas, seja manhã, tarde ou noite.
Quando se encontra uma vaga, em meio ao caos, lá está ele, o guardião da vaga, o vulgo flanelinha, que pratica nada mais nada menos que um assalto consentido, uma extorsão que, por ter se transformado em rotina, passa despercebida aos olhos das pessoas.
Além disso, o ato de pedir dinheiro pela vaga em locais públicos é ignorado pelas autoridades e não confrontada pelos motoristas, que passivamente se rendem ao pedido dos flanelinhas: “Posso dar uma olhada aí, tio?”.
Esse código mental inserido no subconsciente dos motoristas é quase sempre interpretado como: “É bom deixar uma grana aqui para que nada de ruim aconteça ao meu veículo”. Assim, dezenas de menores e maiores infratores ganham a vida diariamente. Alguns com mais de vinte anos de atividade em frente a UMC levantam mais de 150 reais em um único dia de “trabalho”.
Legalmente falando, essa coação só é compreendida pelas autoridades policiais quando, e se, um motorista encaminhar o flanelinha até uma delegacia e fizer o Boletim de Ocorrência relatando a extorsão.
Não é surpresa então, que um dos mais novos flanelinhas na praça, e que não quer ser identificado por óbvios motivos, não teme tanto assim as autoridades . Ele conta que “O trabalho tem que ser feito de olho nos motoristas, na polícia e principalmente nos que estão há mais tempo na rua”.